Resíduos Perigosos: Como descartar corretamente o lixo de classe I

O manejo inadequado de resíduos perigosos pode causar sérios riscos à saúde humana, ao meio ambiente e à segurança pública. Saber identificar e tratar corretamente esses materiais é fundamental, tanto para empresas quanto para a população em geral.

O que são resíduos perigosos?

A norma ABNT NBR 10004:2004 classifica os resíduos em três grupos principais:

Classe I – Perigosos: Apresentam riscos à saúde ou ao meio ambiente, como inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.

Classe II – Não Perigosos

o    Classe II A – Não inertes: São resíduos que não se enquadram como perigosos, mas que podem ter características como biodegradabilidade ou combustibilidade.

o    Classe II B – Inertes: Não sofrem transformações físicas, químicas ou biológicas significativas, como entulho e areia.

Exemplos de resíduos perigosos

Os resíduos Classe I (Perigosos) incluem:

Inflamáveis – Materiais que podem entrar em combustão facilmente, como solventes e óleos.

Corrosivos – Substâncias que podem causar danos a tecidos vivos ou materiais, como ácidos e bases fortes.

Reativos – Resíduos que podem causar explosões ou reações químicas violentas.

Tóxicos – Materiais que podem afetar a saúde humana e ambiental, como metais pesados e pesticidas.

Infecciosos – Resíduos biológicos, como seringas e resíduos hospitalares, que podem transmitir doenças.

Radioativos – Materiais que emitem radiação, como rejeitos nucleares e hospitalares.

Por que o descarte correto é tão importante?

O descarte inadequado de resíduos perigosos pode causar:

Contaminação do solo e dos lençóis freáticos

Riscos à saúde de trabalhadores e da população

Poluição do ar por substâncias tóxicas

Acidentes ambientais e até tragédias irreversíveis

O caso do Césio-137: um exemplo trágico do descarte incorreto

Em 1987, em Goiânia (GO), um equipamento de radioterapia com material radioativo (césio-137) foi descartado de forma incorreta. Pessoas encontraram o material em um ferro-velho e, sem saber do perigo, o manusearam. O resultado foi uma das maiores tragédias radioativas da história, com dezenas de vítimas fatais e centenas de pessoas contaminadas. O caso do césio-137 é um exemplo extremo do que pode acontecer quando resíduos perigosos não recebem o tratamento adequado.

Como descartar corretamente os resíduos perigosos

O descarte correto de resíduos começa ainda na sua geração, com a devida identificação e separação. Em seguida, é essencial garantir o armazenamento seguro dos materiais até que possam ser coletados e encaminhados por empresas devidamente licenciadas.

Uma das etapas mais críticas desse processo é o armazenamento temporário, que deve ser realizado em contentores apropriados, resistentes e certificados. Para isso, recomenda-se o uso de contentores fabricados em polietileno de alta densidade (PEAD), material que oferece excelente resistência a substâncias químicas e impactos, além de garantir vedação segura contra vazamentos e contaminações.

Após essa etapa, os resíduos perigosos devem ser transportados exclusivamente por empresas especializadas, que possuam licenciamento ambiental específico para esse tipo de atividade. A destinação final pode variar conforme o tipo de resíduo, mas deve sempre atender aos critérios definidos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS – Lei nº 12.305/2010), que estabelece a obrigatoriedade da “destinação ambientalmente adequada”.

As principais formas de destinação incluem:

Coprocessamento: aproveitamento dos resíduos como combustível alternativo em fornos de cimento (exemplos: solventes, óleos, borras industriais).

Incineração em unidades licenciadas: destruição térmica dos resíduos, com controle rigoroso de emissões.

Tratamento químico ou físico-químico: neutralização de substâncias perigosas para reduzir seu potencial de risco.

Aterro industrial classe I: disposição final de resíduos que não podem ser reciclados ou incinerados, em áreas com infraestrutura específica para evitar contaminações.

Estabilização ou solidificação: procedimentos aplicados antes do envio ao aterro, com o objetivo de reduzir os riscos ambientais e à saúde pública.

Fontes:

https://cetesb.sp.gov.br/sigor/informacoes-sobre-as-areas-de-destinacao/

https://www.abntcatalogo.com.br/